Saltar para: Posts [1], Pesquisa e Arquivos [2]
Agora sou esposa, mãe, completa! Mas continuo minha... Sempre!
As pessoas pedem que as aceite, que as compreenda, que as faça felizes, que as integre na minha vida... Quando peço que aceitem aquilo que EU sou... O mundo cai!
Espero que percebam que na minha vida só aceito quem eu quero e quem eu quero vive na minha casa.
Um dia terei filhos e acho que aí saberei que será impossivel fazer ao meu filho 1/10 do que já me fizeste. Que será impossivel deixar de lhe falar - ao meu filho - porque simplesmente ele é um ser independente de mim, que tem a sua vida e não me integra em todos os seus projectos porque tem um/a companheiro/a para o amparar, a sua própria familia que construiu como assim o deve ser. Nunca irei ficar revoltada por isso, ficarei, sim, imensamente feliz que ele assim o seja porque quererá dizer que fiz um excelente trabalho, que criei e eduquei um ser humano saudável na sua forma de pensar, agir e ser. E o meu filho virá ao meu encontro sempre que queira porque se sente bem em casa dos pais. O meu tempo já terá passado e vale o dele. A lei da vida é esta. Não poderei ser o centro das atenções. Serei até o meu filho nascer e ele será até o dele vingar neste mundo.
Em 7 anos que não vivo contigo nunca te pedi nada. Não vou sequer mencionar o que já me pediste. Construi a minha vida com pouco ou quase nada. Por vezes nada sabia do pouco que deveria saber. Nem ferramentas me deste. Limitei-me a desenvolver o meu instinto de sobrevivência, imitar alguns passos de pessoas que eu achava que estariam correctas e seguiriam aquela linha recta. Com isso chegar onde estou e criar eu própria as minhas regras e percorrer essa linha com os meus próprios pés. Agora também dou o exemplo a outros que virão e se sentirão confusos e sozinhos como me senti.
Neste tempo que nos voltámos a aproximar - e que tu tantas vezes te queixaste que não confiava muito em ti e que deveria porque nada nos iria separar que não deixarias - dei, afinal, um pouco mais do que deveria, algo me dizia que era tempo perdido, que deveria recuar e que pouco ou nada que pudesses dizer ou fazer era verdadeiro. No fundo o meu sexto sentido nunca me enganou e dou graças pelo facto de te ter racionado qualquer sentimento que pudesse nutrir por ti. Não te dei tudo porque nunca o farei. No fundo achava que gostar de ti era estar contra mim, ser hipócrita comigo mesma, trair-me e trair quem traiste tantas vezes. Nem sei, sinceramente, se gosto assim tanto de ti e se isso se manteria sempre assim...
Acho que o fiz porque era meu dever enquanto filha mas não me sentia bem. Não queria saber da tua vida, do que fazias ou deixavas de fazer, do que te acontecia. As tuas histórias sempre foram aborrecidas, centradas em ti, e nem sei se tinham algum fundo de verdade. Ser tua filha foi a unica coisa que me deu força para te acudir quando precisavas, levantar a cabeça sem vergonha no fim dos teus ataques que te deixavam vulnerável perante a multidão de gente sedenta da tua miséria e abanar-te para acordares para a vida. Se fosses alcoolica ou viciada em qualquer outra coisa a minha vida seria mais fácil. Ao menos saberia com o que estava a lidar.
Se pudesse batia-te. Não te bato por respeito. Mas merecias. Precisavas que te arrancasse esse orgulho de merda do coiro, esse descaramento que tens de encarar as coisas como se nada tivesse acontecido. Sem mim és pouco mais que nada. Não me peças nada do que tenho porque o que tenho é de mim e não podes gastar porque não é material. Chama-se honestidade e felicidade.
Cansei de ser tua filha, tua mãe, tua mulher, tua de qualquer maneira... Cansei-me. Não quero dizer com isto que te deixarei de falar. Estarei aqui apenas serei apenas um espectro para ti. Poderás ver através de mim e não me poderás tocar. Serei sempre o que fui: transparente mas desta vez inatingivel...
O ser humano algum dia terá de aprender... E eu vou atingindo a perfeição na forma como tenho de lidar contigo.
Tu lá sabes... Mas aviso-te que o mundo não é teu... Nem meu... Nem de ninguém. Ao contrário de ti envolvo-me nele e sorrio de verdade porque estou liberta de especulações e consigo contornar os meus direitos de forma a que outra pessoa possa usufruir dos dela também e assim viver em harmonia.
Chateia-me profundamente que uma qualquer imagem, filme, som, tragam ao de cima velhas recordações ou pesadelos que me deixam arrasada uma semana inteira. Se soubesse que mo fariam recordar tentava contornar a situação para não reviver mais nada mas é impossivel controlar o mundo e a maneira como ele se move tão depressa. Estas revoltas mostram apenas a ponta do iceberg de coisas que aqui dentro tenho e que sempre quero crer que as resolvi no entanto são como agulhas a picarem-me a parte de trás dos olhos quando me lembro que passei certas situações que nem foram causadas por mim porque terceiros resolveram fechar os olhos...
Ao fim de alguns anos percebi que perdoar é mais fácil. Mas não é gratuíto. As pessoas a quem perdoamos cobram-nos. Deveria ser ao contrário como paga para voltarmos a confiar mas comigo é assim, há quem cobre o facto de me ter feito mal e se queira intrometer em tudo o que faço para confirmar que corre tudo bem, que não meto o pé na argola e que construo uma vida bem cimentada. Esquecem-se que ando nestas lides desde os 17 e que provavelmente se tivessem feito bem os trabalhos de casa as situações que me trazem pesadelos nunca teriam acontecido e hoje não tivesse momentos em que ponderasse procurar soluções certificadas para tudo isto.
Sou amiga! Muito! Mas não admito que tentem viver a minha vida por mim quando não têm uma própria para viver. Infelizmente assim o é quando as coisas para eles não lhes corre de feição porque quando se está bem, de férias marcadas para um qualquer país exótico, casa nova, tudo de novo, sou esquecida.
Eu sei, eu sei perfeitamente que sempre seria assim mas enquanto precisavam a coisa se dava de forma leve, hoje vivo numa marcação cerrada, uma amizade dependente e que suga. Como aqueles peixes parasitas, sendo eu um tubarãozito ronhoso que por aqui anda... E canso-me... Canso-me porque eu tenho noção que poderia estar longe disto, que poderia evitar esta sensação de mau estar aliada ao peso de consciencia por não querer gente assim perto de mim e mostrar-lhes isso por A+B na minha forma mais cruel: as palavras puxadas dentro de mim sem qualquer controlo. Mas esta coisa a que chamam laços familiares, sangue do meu sangue, aquela maneira que a sociedade acha correcta que nos comportemos paira sobre mim - fui criada para não contornar o que a sociedade acha correcto, porém parte minha essência acha que o que é fora do vulgar, luminoso, pacifico mas que silenciosamente possa ser gritante consiga eventualmente preencher lacunas que tenho dentro de mim e ainda assim arranjar um bocadinho de oxigénio para viver no meu mundo e no dos outros.
Não que ache que andar aqui reprimida, a tentar controlar o que quero gritar, tentar perdoar o que me fizeram e querer viver com isso seja uma opção mas acho que uma vez que os nossos pais nos puseram no mundo, que nos deram vida, devemos algo para com eles... Fizeram-me mal, claro que sim, mas durante anos também me fizeram bem, deram-me de comer e alimentaram-me... Podem dizer que era o dever deles. Era... Mas os pais podem não querer fazê-lo a determinada altura... Contudo agradecia mais protecção noutros tempos, quando o mundo se virou contra mim e lutei sozinha, quando tudo me faltou e dormi sem saber se amanha seria igual... Não agora que tenho tudo isto, que sei que o amanha poderá ser o que é hoje se eu quiser porque sou dona da minha vida, independente, construtora da minha felicidade, que tenho onde dormir, o que comer, que tenho o meu espaço e o partilho com quem quero.
Desde que vim morar para longe que se instalou o bicho do mato em mim. Não quero estar com ninguém que não seja o meu marido, não quero telefonemas, visitas, problemas. Porque afastei-me, criei a minha vida e acho que ninguém tem de querer saber dela e se pudesse deixava de ter telemóvel, telefone fixo, rádio e tv... Só a internet porque gosto de ver coisas à minha velocidade e o que quero ver não o que uma estação de rádio e televisiva me querem enfiar pelos ouvidos e olhos dentro. Se pudesse ia viver para o espaço mas como costumo dizer até aí alguém arranjava um satélite para me chagar o juízo... Mas quero estar sozinha. Não acho que tenham o direito de quererem viver de mim ou comigo o que não lhes permiti, não têm o direito de me cobrar isso e muito menos chamando o instinto maternal ao de cima porque assim deve ser.
Tenho 24 anos, há 7 anos comecei a trabalhar, quase que me formei - quase e isso mói o meu interior todos os dias quando acordo porque poderia ter conseguido e não me ter afastado por cobardia das merdas que enfiava na cabeça para esquecer que pertencia ao mundo, estava tão perto... e não pude contar com empurrões, nem com o que me poderiam ter dito para seguir em frente... Para voltar ao meu objectivo porque precisamos disso com 18/19 anos, não agora que se é quase casado, se espera um filho num futuro próximo, se tem uma vida normal de adulto... - vivi tanta coisa sozinha, sem atilhos que me prendessem ou ter de o justificar a ninguém, errei demasiado mas fortaleci-me, conheci pessoas que me viraram do avesso pela negativa mas fiquei a conhecer-me por dentro e sei do que sou feita devido a isso mas também conheci pessoas que me fizeram crer que era capaz e ri e chorei na mesma quantidade. Daí que achei estar apta a perdoar porque a vida se tinha encarregado de me limpar e mostrar que se pode estar de bem com o mundo se não nos deixarmos absorver pelo passado. Juro que faço isso diariamente e juro que tento que o que ficou lá atrás não se manifeste mas por vezes não consigo exorcizar isto. E basta um segundo de flash-backs e a coisa manifesta-se, revolto-me e acho-me demasiado dona de mim mesma para me deixar partilhar com quem quer que seja. E revolto-me ainda mais por me sentir mal em querer ser só minha e não deixar que nada nem ninguém interfira nesta relação perfeita que criei comigo.
Não quero que me tentem conhecer. Não tenho paciencia para me mostrar ou tentar ser amiga de gente nova ou de gente que quer uma segunda oportunidade. Nunca ma deram, porque raio haveria eu de o fazer?! Porque tenho de ser perfeita quando mais ninguém o é comigo?! Porque me cobram algo que me fizeram?! Porque quero estar sozinha no mundo limpo que criei... Porque é só meu e não sei demonstrar de forma simpática que não quero mais ninguém nele. E as pessoas estão com tanto medo de acabar sozinhas que tentam a todo o custo ocupar o que não lhes pertence. Nunca se preocuparam se eu estava bem sozinha mas agora que tenho tudo o que me faz bem, que tenho capacidade de suporte, aclamam-me e juram-me fidelidade... Fodasse! Não quero ser Deus de ninguém! Quero que me deixem em paz e me procurem quando eu procurar. Quero deixar de ser cinica! Quero que saibam viver sozinhos como eu aprendi à minha custa... Quero que saibam que faz bem isolarmo-nos e conhecermo-nos. Viciei-me demasiado em mim mesma para me deixar ir para qualquer pessoa... Custou-me imenso colar pedaços de mim para vir alguém agora e roubar o que lhe apetecer. Sou sim de quem me deixar ser como sou e deixar estar como estou. E só quem está ao meu lado neste momento o sabe fazer... E só ele tem algum direito de me cobrar o que quer que seja e mesmo assim o não faz por respeito...
Ao resto, aprendam a viver com o que têm...
Para mim ir a Lisboa é algo que me desperta sensações contraditórias.
Ando uma semana inteira felicissima porque vou à capital, visitarei toda agente, poderei ir ao nosso restaurante preferido, à Baixa às compras, ao Colombo, para a noite, etc, etc... Chegamos ao dia e já não me importava de ficar em casa... A viagem ainda se faz bem porque vamos a falar o caminho todo. Passamos a 25 de Abril e já tenho os ombros colados às orelhas da tensão e do stress de ver tantos carros. Tudo o que tinha planeado revela-se um fracasso e vejo apenas as pessoas 15min de cada vez, no fim, ao terceiro dia, estou pronta para dar de frosques o mais depressa possível bem como os cães que saltam para a bagageira consolados de irem para casa.
Por isso este Natal não foi diferente tirando o facto de vir doente devido aos ares poluídos da cidade e cada vez mais ter certezas quanto ao estado mental das pessoas que compõem a pequena família que tenho...
Decididamente já me transformei na Heidi.
Finalmente!
Este mês de Dezembro não foi grande, foi gigante e se há mês que nunca mais passava era este e pelos vistos ainda falta 1 semanita para acabar.
Após 3 semanas connosco e 3 dias internado, o Pepe morreu devido à febre da carraça que já trazia com ele e uma ascite que lhe provocou danos no fígado e rins. Fizemos tudo o que podíamos e o nosso amigo partiu tal como apareceu, num ápice.
Depois de muito chorar - até a vet chorou - e sentir uma falta terrível dele que me apertava aqui a máquina dos sentimentos, algumas pessoas juntaram-se e mostraram-me esta miúda
E claro que não resisti. Por isso no domingo passado trouxemos a Paloma Pepita du Soleil (Pipa) para casa debaixo de um enorme regozijo do Pablo que tinha ficado meio aparvalhado com a partida do Pepe. O nosso cão nos dias seguintes à morte do seu amigo baixinho, só fez disparates atrás de disparates, andava abatido, suspirava e tudo mais. Pelo que com a chegada da Pipa, o nosso bom Pablo não mais parou. E se antes com o Pepe, o Pablo tornou-se um exemplo de bom comportamento, agora com a Pipa são dois a fazer disparates e a por-me a cabeça em água. Mas não me importo... E fico bem feliz por continuarmos a ser tantos cá em casa.
A Pipa de início rosnava muito para o tonto do Pablo que se deitava no chão em modo submisso, rebolava, choramingava, até que ao fim de 3 dias o senhor Pablo ofereceu-lhe a sua bola e fez um "click" entre os dois que nunca mais se largaram. Tal como disse ao Luís as mulheres são muito fáceis de contentar, os homens é que não as entendem. O Pablo ao fim de 3 dias percebeu que a princesa apenas queria a bolinha. Foi a tempo... É um gentleman este meu cão.
Aliás não me contenho em mostrar umas fotos deles... Até do Pepe alguns dias antes de ser internado.
Fico de consciencia tranquila porque lhe dei todo o conforto que pude nos seus ultimos dias. Mas ao olhar para estas fotos derreto-me por saber que tenho animais tão dóceis em casa e que coabitam perfeitamente uns com os outros. Desde que haja lugar no sofá e que esteja quentinho... O ar de descanso de cada um faz-me crer que são animais felizes.
Só se mexiam para trocarem de lugar quando o corpo doía da posição
Gosto particularmente da foto seguinte pois foi a última que tirei ao Pepe no nosso último passeio.
As cores dessa tarde, quase que celestiais... O ar pacífico dele...
Acho que se houver um céu de cães, ele estará bem...
Agora a Maria Pipa armada em sabichona com o Pablo ocupando o seu trono
Claro que não ia resisitir... Nem pouco mais ou menos. Vou fazer o que? Casa sem animais para mim não é casa. Apesar de que 4 é a conta limite e tenho a lotação esgotada. Nem mais um periquito ou um peixinho.
-----------------------------------------------------------------------------
Depois de uma conta de 120 euros de luz mais aquela que aguardamos (390), as compras de natal para toda agente, os gastos diários, gastos da casa e comida, internamento do Pepe e demais coisas que nem quero pensar nelas para não me dar um fanico, aguardo então o fim do mês a roer unhas. E não fosse inverno e usar 2 pares de meias iam as dos pés também.
Felizmente conseguimos fazer face às despesas como forcados iniciantes em frente a um touro de 550kg.
----------------------------------------------------------
Quanto a prendas foi com os sobrinhos que gastámos mais. Os mais pequenos foram corridos a roupa, o do meio um jogo para a PS2, os mais velhos foi dinheiro e uma camisa para a minha sobrinha que com dinheiro ia acabar por comprar a mesma coisa por isso... Antes dar dinheiro ou algo que sabemos que querem do que oferecer algo que não fazem caso.
Ao Luís ofereci-lhe uma botas da Caterpilar que apesar de mais baratas que umas Timberland são muito melhores. As Timberland infelizmente é só marca porque em termos de acabamentos são todas coladas ao invés das Cats que são cosidas. Indo uma diferença de quase 100 euros entre elas.
Ofereci mais roupa aos mais velhos e livros.
Além do telemóvel que o meu Luís me ofereceu, os meus pais e avó deram-me dinheiro, a Ana e a Dona Orlanda um pijama e um robe, sendo que o meu pai ainda nos comprou um jogo de lençois polares que nós bem precisavamos visto o senhor Pablo nos ter rasgado um dos que tínhamos.
No entanto a melhor prenda que me puderam oferecer foi, na noite de Natal, a minha mãe a minha irmã se falarem ao fim de quase 3 anos.
Parece que me saiu um peso de cima e acho que melhor coisa não me podia ter acontecido.
Agora finalmente vou puder casar
Sabendo que todos vão estar presentes e não haverão entraves ou mal estar entre a minha família. Cereja no topo do bolo seria entre os meus pais. Poderem falar sem o meu pai se sentir magoado ou triste uma vez que ele ainda ama imenso a minha mãe e ela estar com o Paulo. Gosto do Paulo. É um optimo padrasto, um bocado na lua, mas optima pessoa. Não anda cá com pseudo-moralismos. E acho que o meu pai e o Paulo podiam ser grandes amigos. Mas isto sou eu já a divagar e o meu signo diz que no ano 2011 não devo sonhar muito...
Como as coisas entre mim e Ana resolveram-se também acho que por enquanto as coisas não poderiam estar melhor encaminhadas.
---------------------------------------------------
Para o ano 2011 espero que me deixem ficar com o trabalho onde estou, pois bem precisamos e nem que seja a lavar o chão das wc's se não me quiserem na recepção com a volta da colega que está de baixa.
Quero ver se caso de vez e planear um filhote se ficar na firma.
Gostaria de fazer umas férias merecidas com praia e uma mísera pulseirinha no braço.
Poupar mais.
Deixar de fumar. Isso é que era!
Que a minha família TODA me venha visitar - isso, isso!
Pensar num carrito com 5 lugares mas que dê para levar o pessoal de 4 patas.
Que o Luís tenha um aumento!
Deixar de pagar estas exorbitâncias de electricidade sem sequer ligar o aquecedor... Porque ao menos que tenhamos o proveito...
E acho que é só!
Bom 2011...!!!
Com o Luís de férias há que tirar uns dias dessas férias para por as visitas familiares em dia. Pegar na "burra", no cão e nas malas e 'bora até à Capital ver como estão os familiares.
Tinha prometido a mim mesma, no que toca à parte paterna e materna, só ir lá para Outubro ou Novembro tal são os nervos que se apoderam de mim de cada vez que lá vou. Ao fim de 17 anos de convivência com os meus pais na mesma casa e mais 6 em que só os vejo uma vez por mês chego à conclusão que realmente são duas pessoas completamente diferentes do que foram.
A minha mãe, sempre neurótica com as limpezas e perfeita arrumação do espaço Lar, está cada vez mais desorganizada. Frigorifico vazio, louça em cima da mesa por lavar e um estado de alma "Vai andando que eu vou quando me apetecer". O meu pai sempre tão cuidadoso comigo e agarrado à família tornou-se num ser dedicado aos 5 minutos: "Cinco minutos para te ouvir, cinco minutos para te ver, cinco minutos e tenho de me ir embora".
Vim para casa remoendo questões. As pessoas mudam assim tanto ou já eram assim mas estavam "escondidas"?
A minha madrasta - com mais 9 anos apenas que eu - tem sempre uma dor de cabeça ou neura que se lhe apega ao corpo fazendo tudo por tudo para arranjar confusão de forma a que o meu pai nem sequer jante connosco. Meteu na cabeça que tenho algo contra ela. Mesmo que lhe ligue pessoalmente para nos encontrarmos ao jantar, para que traga os filhos para os vermos, consegue enrolar as coisas de uma forma tal e qual um novelo que mais tarde se transforma em novela. Novela essa originária do México.
O meu pai viveu na casa dela durante uns tempos mas achando que não tinha condições e tendo um T4 desabitado e completamente novo para viver decidiu levá-la e aos filhos para esse apartamento. Casa essa em que vivi até à separação dos meus pais e que considerava minha. Fiquei feliz pois claro. O meu pai sofreu tanto, e apesar de também eu ter sofrido tanto com a minha mãe como com ele, achei sempre que cada um merecia ser feliz e se ele achava que a Ana era a pessoa indicada para ele e porque sempre gostei dela, apoiei a decisão dele. Para mim aquela casa é o lar dele, dela e dos filhos dela que quando viram uma banheira grande e que poderiam ter um quarto para cada um foi como que um sonho daqueles da televisão realizado. Para mim aquela casa é deles e não mais minha. Para mim tudo isso encaixa perfeitamente na minha cabeça. Mas para mim não consigo conceber como as pessoas mudam só por subirem um pouco na vida. De passar de um ford fiesta que pode ficar a meio caminho para um mercedes que nunca deu problemas. Na minha cabeça deixou de ser importante o que vivi ali, cresci e pouco mais se poderia fazer felizes mais pessoas incluindo duas crianças. Mas não me atirem areia para os olhos porque eu uso lentes de contacto e isso doi um bocadinho.
Conclusão: mandei para trás das costas uma casa que não quis por opção. Não preciso que me agradeçam, tudo muito bem. Mas não me lixem. Quem quiser fique por casa, não se é obrigado a jantar comigo se não se quiser. Mas pelo menos deixem vir o homem que possui o par de tomates que me fez porque às vezes também preciso de colo.
E fico triste porque o meu pai sempre foi um pau mandado das mulheres e para agradar-lhes consegue anular-se a si mesmo e à propria filha. Sempre assim o foi.
A minha avó deu numa de mimada o tempo todo - apesar de eu achar muito bem que todos nós se chegarmos aos 80 anos e fartos de trabalhar que nos podemos dar ao luxo de querermos ser mimados e querer que as nossas vontades sejam feitas na hora - e conseguiu fazer-me pensar que sou má neta por possuirmos um carro comercial com apenas dois lugares em que ela não pode passear a qualquer lado connosco. Sinceramente acho que deveria estar grata por termos um carro, principalmente um carro pago, que não dá problemas e o qual não pedimos dinheiro para o sustentar ou pagar mensalmente a ninguém.
Quanto à minha mãe, após a 105945763ª discussão com o Paulo, estava tudo de trombas. Ela não consegue aguentar a rotina diária na sua vida e culpa o companheiro. As filhas deste por sinal dão montes de problemas pelo que o homem não sabe para que lado se virar.
E eu faço o Luís de taxista para visitar estes três que se comportam como se lhes dá na telha. Sei que já não precisam de cuidar de mim e que eu própria mostrei isso ao sair de casa mas todos os filhos precisam de sair de casa e eu cá tive as minhas razões para o fazer mais cedo que os outros.
O unico bocadinho em que me senti eu foi na visita à Dona Orlanda que me ouve e ouve e ouve e é sempre igual a ela mesma e à minha irmã que está sempre de bem e fica feliz por mim. Pena é a que tenho de ser sempre com os que estão de bem com a vida aqueles com quem passo menos tempo e talvez precisassem de me ver mais vezes. Enfim... sempre fiz escolhas estranhas e o tempo tanto meu como dos outros é sempre escasso.
No meio disto tudo a unica pessoa a quem agradeço a paciência infinita é ao Luís que apesar do meu feitio e o dos outros encaixa em todas as situações como se soubesse sempre o que vai acontecer de seguida preparando-se, deixando-se ficar na dele, ouvindo daqui e dali, sorrindo qual Mister Universo e acenando cumprimentos como o Rei de Inglaterra passeando no coche pela cidade em festa.
Pelo que a minha visita à cidade foi encurtada por um dia pois eu estava desejosa de chegar a CASA e finalmente poder andar em cuecas e ser eu mesma. Andar a passarinhar de esfregona na mão e dizer as bacoradas que bem entender.
-----------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------
Àquela pessoa que também tenho imensas saudades e que há que tempos que não vejo - a minha cagalhona pequena - por estar num campo de basquete no Algarve, mando dezenas de beijos e abraços por ser tão linda e ter tempo de sobra para começar a viver esta vidinha tão complicada. A minha sobrinha.
--------------------------------------------------------------------------------------------
E agora que já desabafei vou com o cão à Junta de Freguesia para o registar pois se antes não queria sair daqui da terra, agora então tenho mesmo a certeza que ficamos todos aqui muito bem. Se pudesse até a mim me registava qual canito remeloso.
A subscrição é anónima e gera, no máximo, um e-mail por dia.