À cata de coisas baratas no supermercado, com a mania que sou poupadinha, lá me decidi em trocar o detergente habitual para a roupa pelo Ultra Concentrado com cheiro a águinha de rosas após lavar o cu a meia duzia de velhotas haitianas.
Cheguei a casa, super feliz com a descoberta de algo a metade do preço e com um cheiro ainda mais fantástico. Tudo isto após ter feito caras ao meu Jacinto de
"Vês??? Não és só tu que escolhes coisas baratas e fixes... Eu também!!!"
Quando o vou a colocar na máquina... NADA!
É tão, tão, tão, mas tão concentrado que fica colado à embalagem e não sai.
Depois admiro-me que o meu Jacinto me chame o que me chama durante todo o tempo em que estamos juntos.
Cá em casa ele é "Mor", "Jacinto", "Jacinto do Céu", "Opah" e "Tu aí...", para ele eu sou e passo a citar a lista:
* Puvite (que quer dizer pevide... ele chamou-me parva por uma qualquer razão e eu apesar de ter ouvido perfeitamente o adjectivo que me qualificava, pedi que repetisse e ele "Ah... Puvite..."
Depois com o tempo as coisas descambaram e apesar de haver respeito mútuo (ainda não chegámos à violência doméstica com frigideiras à mistura) ele não consegue ficar indiferente quando me vê nua e daí que chegar às alcunhas que tenho de momento foi um passo...
* Badocha (gorda)
* Bombona (gorda com mais de 550kg)
* Bombix (uma gorda com mais de 550kg do tempo do Asterix e do Obelix)
* Cachamela (que na sua linguagem quer dizer "glande"... sim é verdade! E já me benzi...)
* Ou Cachamelona (e aqui não preciso de dizer mais nada...)
* Lhona (diminutivo de cagalhona quando não mo chama por inteiro)
* Manulete (que tem uma música a acompanhar)
* Pirulete+Trotinete+"Biclete"+"Caminete" (assim tudo de seguida)...
* Bufenta (quando me "esgazeio" toda)
* Pavona (quando me armo em boazona)
E a mais recente de todas:
* Carlos.
E no fim disto tudo escapa o "Chiribi" que me chama quando está meloso demais...
Com todas estas alcunhas e outras tantas que ele vai inventando, é normal que acabe os meus dias de vida numa qualquer ala de doidinhos.
Enfim... Já lá vai o tempo em que frases como "Amo-te tanto. És linda, amor! Perfeita!" passaram a versos de músicas do José Cid tipo "Como o macaco gosta de banana eu gosto de ti" ou "Na cabana junto à praia, tu e eu e os "caracóis"...". A compostura foi substituida por corridas todo nu pela casa com umas cuecas minhas, daquelas que escondo o mais que posso no fundo da gaveta, postas na cabeça. Tudo o que engloba uma relação de gente simples do povo nós temos.
Penso que foi o culminar da nossa cumplicidade quando começámos a mandar traques à frente um do outro. Peidos mesmo! Nada de bufinhas tímidas enquanto se corre para a casa de banho corados e cheios de vergonha porque é algo horrível e que deve ser dado somente na casa de banho. Nada disso! Não fosse termos ultrapassado esse obstáculo fedorento e hoje éramos como o Timon e o Pumba a olhar para o céu estrelado a pensar que as estrelas eram ou pirilampos ou bolas de gás! Ou recorriamos ao bifidus activus para desaparecer o inchaço na barriga.
Assim poupamos energias para outras coisas e andamos bem dispostos.
Pelo que não concebo a ideia de se estar há anos com uma pessoa e não se dar um valente peido com vergonha! Credo! Nem eu conseguia manter uma relação assim. O mundo é perfeito, a nossa relação também e não somos menos educados por isso. Aquilo que somos cá em casa, basta-me para aguentar o mundo hipócrita lá de fora. E sabe bem regressar da rua e ser o que quiser ser. Poder comer com a mãos e chupar os dedos, arrotar de satisfação, dizer que a casa de banho está imprópria enquanto venho a limpar aos mãos como se nada fosse, poder cheirar a chulé ao fim do dia de trabalho quando me descalço, assoar-me e fazer barulho tipo elefante em época de acasalamento sem pensar em atenuar tudo isto porque sou um ser racional e existem regras de educação...
Já com cera de ouvidos a história é outra... Isso não me peçam para olhar... Uhg!!!
(Imagem da Web)
Quem nunca aventou um peido, avente o primeiro!